Mesmo que te mantenha a pé toda a noite,
lava as paredes e esfrega o chão
do teu estúdio antes de compores uma sílaba.
Limpa como se o Papa estivesse para vir.
O asseio imaculado é sobrinho da inspiração.
Quanto mais limpares, mais brilhante
será a tua escrita; não hesites, pois em sair
a campo aberto e lavar a face oculta
das pedras, nem de passar um trapo nos ramos mais altos
das florestas sombrias, pelos ninhos cheios de ovos.
Quando encontrares o caminho de volta para casa
e guardares as esponjas e escovas debaixo do lava-loiça,
contemplarás a luz da aurora,
o altar imaculado da tua secretária
uma superfície limpa no centro de um mundo limpo.
Então, de um pequeno copo, azul reluzente, tira
um lápis amarelo, o mais afiado do bouquet,
e cobre páginas com frases miúdas
como longas filas de formigas devotas,
que te seguiram desde o bosque.
Tradução de José Luís Peixoto de um poema de Billy Collins.
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1 comentário:
Voltaste á escrita no teu blogue, meu bastardo...sim senhor...Força.
Beny.
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